segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ato ecumênico em Santa Teresa, pelas vítimas do Bondinho

Santa Teresa tram of Rio de Janeiro in 2006Image via Wikipedia

Sob o céu de chumbo de domingo, cerca de 150 pessoas se reuniram no pictórico Largo do Curvelo, em cerimônia ecumênica em homenagem às vítimas do desastre do Bondinho de Santa Teresa. Tudo era amarelo em nosso redor, as fotos, os girassóis, as faixas e o pequeno bonde de brinquedo apinhado de crianças. No altar improvisado, vítimas, parentes, amigos e moradores do bairro acompanharam emocionados os rituais religiosos católico, judaico, candomblé, umbanda, kardecista, hare-krishna, sick, bahai, budista. “Não estamos apenas clamando nossa indignação. Tiraram uma tradição nossa, do Rio de Janeiro”, “Esta causa não é só nossa, o bondinho faz parte de nossa cultura e não podemos esquecer dos que partiram. Me sinto um lixo, os governantes nos tratam como lixos.” eram desabafos entrelaçados a cantos, rezas, incensos e silêncios.

Terminada a cerimônia, descemos todos pelos paralelepípedos desalinhados da Rua Joaquim Murtinho ao som do Bloco Céu na Terra. O trilho aflorava do chão convidando ao tombo abaixo das gambiarras da fiação, testemunhas do sucateamento do bondinho. Mil flores foram depositadas na Escada de Santa Teresa, palco da tragédia e hoje convertida em lugar de oração e protesto. Nelson! Nelson! Gritaram todos exaltados a homenagem ao motorneiro herói covardemente incriminado pelo governo como responsável, como se sua mão pudesse substituir um freio.
As principais reivindicações eram o retorno do Bondinho, seguro e público, e a punição de Julio Lopes. "Não queremos vingança, queremos justiça! Há evidências e provas de que Julio Lopes, secretário de transportes. tinha pleno conhecimento da situação dos bondinhos e nada fez. Homicídio Doloso!", clamavam, repetidamente.

Na quinta-feira, dia 15, às 10 horas, haverá audiência pública na ALERJ. Todos os amigos de Santa Teresa e do Bondinho estão convidados. E todo sábado um evento deverá acontecer em Santa Teresa, “não permitiremos que caia no esquecimento”, foi a mensagem final.

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Por uma causa

BRASILImage by gi varga. via FlickrPode ser que alguns fiquem confusos com tantas causas pelas quais lutar. É dificil mesmo. Naturalmente somos adaptados para gritar por um time só, e não vários ao mesmo tempo. É aquela história de vestir a camisa. Para mim é assim, mais facil, cultivar uma causa de cada vez, pois corre o risco de ficar tudo por partes e eu esquecer amanhã o que estava fazendo hoje. Será a idade?
Bem, resolvi listar algumas causas importantes, sem desmerecer as outras, mas que no momento, andam com força o suficiente para talvez fazer uma diferença a pequena forcinha que cada um de nós pode dar.
Está longe de ser uma lista exaustiva! É apenas uma sugestão, quem sabe para inspirar algumas palavras em sua camisa.
  • Voto proporcional é lorota. Não está claro para mim se a solução é o distrital, mas o que está aí não dá. Carece estudar mais o assunto.
  • Suplentes são pessoas que aparecem na nossa vida sem que ter sido convidadas.
  • Dados obtidos com recursos públicos são públicos! Transparência já!
  • Ficha limpa, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011


Contra a corrupção

Havia só meia dúzia de gatos pingados na manisfestação anti-corrupção lá da Cinelândia, no dia 7 de setembro. O senhor cineasta trouxe a imagem que testemunhara décadas atrás daquele mesmo lugar. A passeata dos 100 mil.

Aconteceu em 26 de junho de 1968, pouco antes d'eu nascer. Foi motivada pela morte de um estudante, o que me remete a outros eventos recentes, também motivados pela morte de inocentes, na Inglaterra e no Egito.

Reivindicavam a volta da democracia e da liberdade de expressão, contra os atos de violência do governo, a repressão.

No dia 7 de setembro foram 200 pessoas. No dia 20 de setembro de 2011 serão 200 mil!
Não deixe de ir. Leve sua causa, vá de preto. Ou verde e amarelo!



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sábado, 25 de junho de 2011

No coração do Brasil


Muitos olhares estão voltados para o coração da América do Sul, a última fronteira, com sua aorta escancarada pelo novo caminho para o Pacífico.

O que será da Amazônia,
de seus meninos e meninas
de sotaque brasileiro e peruano?



O mesmo sol que queima aqui no Marco de Rondon, amorena as mulheres de Ipanema. Mas aqui, os meninos e meninas são de antigamente, brincam de bicicleta e bola nas ruas desertas. No bolso, levam o celular com as últimas do pop americano. Lady Gaga.

Na outra praça, outra menina-moça canta junto com a música do rádio. Agora é uma música melosa que a chama para incríveis e românticas aventuras adolescentes. Sua mente está bem distante, galopando em direção à Rio Branco ou Brasiléia, no lombo de uma motocicleta enfurecida, atrás do seu rapaz que existe apenas na imaginação, porque no fundo somos ilhas tão isoladas mas de binóculo em punho, sempre de olho nos outros.

Aqui é o palco da transformação. A pequena cidade cresce no ritmo do PAC, 200 novos nascidos por ano. Os Haitianos esperam em Iñapari a chance de entrar no país das promessas. São homens bem formados, médicos, querem trabalhar para tirar a fome da barriga dos meninos e meninas que deixaram na ilha devastada. Entrar ilegalmente é facil, o rio é raso e curto.


Existe um tempo para fazer as coisas.
Assis Brasil, 2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ser feliz


"Agora eu era um ReiHonoré Dumier Dom Quixote e Sancho PançaImage via Wikipedia
Era um rebelde e era também juiz
E pela minha lei
A gente é obrigada a ser feliz..."

A bela música de Chico enche a sala de contos de fada. Que lindo, tia, se houvesse uma lei assim!

Didá, testemunha da ditadura,
responde seca e sábia:

- Ninguém deve ser obrigado a nada,
muito menos a ser feliz.


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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Culpa de Deus?

No café da manhã, a conversa não pode ser outra. Por quê?

Por quê uma pessoa entra numa sala de aula e atira em dezenas de crianças para matar?
Por quê transeuntes são mortos por homens adultos com armas nas mãos que não se controlam ao serem desafiados por um aposentado armado?
Por quê, numa rua escura, um homem leva uma bala na cabeça ao reclamar do assaltante?

O primeiro era louco. Os outros dois, frutos da Inconsequência.

O que está errado? Homem ou Deus?

Antigamente Deus castigava.
Papai Noel cansou de fazer lista, meu filho conclui.

sábado, 2 de abril de 2011

Todos têm direito à preservação e valorização de suas diferenças

Chamam tecnicamente de homofilia a tendência do ser humano agregar-se em grupos conforme suas semelhanças. São as tribos, as galeras, os grupos, as redes.

Há os que se dedicam a uma tribo só, e aqueles que curtem a diversidade.

Os colegas de tribo são nossos espelhos, extensões de nossos gestos, nossas vivências. Aprendemos por seus erros e acertos porque nos identificamos com eles, os sentimos na carne como se fossem nossos próprios erros e acertos.

Quando nascemos, somos simples, semelhantes, nossa tribo é toda a humanidade infantil. Crescemos com a consolidação de uma identidade - ou identidades.

The Deaf and The JapaneseImage by timtak via FlickrOliver Sacks é maravilhoso ao descrever as comunidades de surdos, em seu livro sobre a surdez. A velocidade com que novas linguagens complexas, com vocabulário, sintaxe e gramática, surgem a cada geração que se permite agregar surdos entre si, é testemunha do progresso que surge quando permitimos os diferentes serem iguais dentre iguais.

Ao dizer isso, temo ser mal compreendida. A inclusão é a palavra de ordem. Sim, deve-se garantir a acessibilidade. Contudo, deve-se garantir também que tribos se formem e evoluam em sociedades, comunidades. Pessoas com atributos raros tem o direito de se conhecerem e trocarem experiências. Por isso, sou contra a noção de que se possa fechar instituições como o INES e o Benjamim Constant, instituições de excelência de ensino e cultura de surdos e cegos, no Rio de Janeiro. Não podemos perder a vitalidade deste acervo cultural.

Todos têm direito à inclusão.
E
Todos têm direito à preservação e valorização de suas diferenças.
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quinta-feira, 31 de março de 2011

Ensinando matemática

A mãe exaspera-se com o professor. Seria mesmo necessário demonstrar a solução das equações do segundo grau ao seu filho de 14 anos? Ele que só pensa em facebook, festinhas e videogame, não consegue abstrair as parábolas e suas associações íntimas com o eixo orientado dos reais. O professor diz que a culpa é materna. Mães são ótimas em curar crianças de suas curiosidades infantis. Se não fossem elas, toda criança estaria ansiosa por aprender a derivação do teorema de pitágoras.

A ontogenia recapitula a filogenia.

A filogenia da ciência não coloca na origem do pensamento matemático, as abstrações. Seria mais as necessidades concretas humanas de lidar com impostos, mercadorias e divisões de tarefas.

A abstração nasce em outro canto, no louvor à ordem do cosmos, na espiritualidade. Pitágoras e os seus viram na matemática a linguagem da espiritualidade, o prazer de descrever os intrincados padrões da natureza, que nossos olhos insistem em perceber.

A matemática estética é arte e espiritualidade.

Mas será necessário despertar as crianças para a espiritualidade, em que sentido for - religioso, ecumênico, estético - para ensinar matemática?
I don't do art for a living, neither for perso...Image via Wikipedia
A mãe não é religiosa nem astróloga. Sem recursos dessa natureza, convida o filho a desafiá-la. Quantos amigos no facebook serão necessários para construir o caminho mais curto até o mar?

Precisamos que nasça urgentemente o Paulo Freire da matemática.
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domingo, 27 de março de 2011

A lei da sopa de pedra


Para a catadora que alimenta seu filho,
nada existe,
tudo se transforma.

Os cartesianos
que se danem,
quando o resultado
não dá,
muda-se os pressupostos.

Claudia Torres

Algumas frases que ouvi no vento

"A ciência faz a sua parte, mas não é substituto de pé no chão e olho no olho"
(algum seriado policial de TV)

"O universo é um lugar muito grande, talvez o maior de todos"
(do livro Em algum lugar em Goa)