Chamam tecnicamente de homofilia a tendência do ser humano agregar-se em grupos conforme suas semelhanças. São as tribos, as galeras, os grupos, as redes.
Há os que se dedicam a uma tribo só, e aqueles que curtem a diversidade.
Os colegas de tribo são nossos espelhos, extensões de nossos gestos, nossas vivências. Aprendemos por seus erros e acertos porque nos identificamos com eles, os sentimos na carne como se fossem nossos próprios erros e acertos.
Quando nascemos, somos simples, semelhantes, nossa tribo é toda a humanidade infantil. Crescemos com a consolidação de uma identidade - ou identidades.
Image by timtak via FlickrOliver Sacks é maravilhoso ao descrever as comunidades de surdos, em seu livro sobre a surdez. A velocidade com que novas linguagens complexas, com vocabulário, sintaxe e gramática, surgem a cada geração que se permite agregar surdos entre si, é testemunha do progresso que surge quando permitimos os diferentes serem iguais dentre iguais.
Ao dizer isso, temo ser mal compreendida. A inclusão é a palavra de ordem. Sim, deve-se garantir a acessibilidade. Contudo, deve-se garantir também que tribos se formem e evoluam em sociedades, comunidades. Pessoas com atributos raros tem o direito de se conhecerem e trocarem experiências. Por isso, sou contra a noção de que se possa fechar instituições como o INES e o Benjamim Constant, instituições de excelência de ensino e cultura de surdos e cegos, no Rio de Janeiro. Não podemos perder a vitalidade deste acervo cultural.
Todos têm direito à inclusão.
E
Todos têm direito à preservação e valorização de suas diferenças.